Intervenção contemporânea numa habitação secular!

Catarina Rodrigues—Homify Catarina Rodrigues—Homify
CASA M+F, joão rapagão joão rapagão Modern houses
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É em Vila Nova de Gaia que se localiza a moradia uni-familiar que hoje lhe propomos a conhecer. Esta é uma habitação histórica marcada por mais de um século de existência. A sua temporalidade (1906) está presente nas características formais e morfológicas desta habitação de carácter balnear. Situada em Miramar, esta casa transmite uma imagem e linguagem romântica fortemente associada ao início do século XX.

A intervenção do arquitecto português João Rapagão, consistiu numa considerável ampliação, permitindo assim, uma diversidade estratégica de espaços e usos. Os dois volumes que compõem agora a casa, situam-se um a Norte e outro a Sul. O volume situado a Norte, associa-se à rua principal que faz o acesso ao mar, é neste volume que se desenvolve o programa de usos de habitação. No volume situado a Sul reservam-se as funções de garagem, armazenamento e usos diversos. 

Mais de um século de existência…

Esta imagem mostra-nos a fachada da habitação com mais de um século de existência. A linguagem estilística remete-nos a um período passado. A casa emana uma subtileza estética marcada por um período romântico associado ao início do século XX.

A sua imponência assume-se a na sua forma esbelta e detalhada que em muito difere da intervenção ali realizada.

Uma casa distinta

A entrada para a casa é efectuada através de uma pequena escadaria que encaminha o visitante num percurso dinâmico, até à zona de entrada. É notável como a intervenção do arquitecto se destaca claramente da linguagem pré-existente da habitação. 

A vontade de distanciar os tempos e as intervenções na casa, materializa-se também, na escolha de materiais e sistemas construtivos, adaptando a linguagem e a estética a uma temporalidade distinta entre o que é histórico e o que é contemporâneo.

Unidos por um pátio

É sobre este pátio que toda a intervenção ganha vida e projecção. As adições e ampliações descritas confrontam-se numa relação quase directa, mediada através de um vazio central que assume também o carácter de jardim.

As adições do programa de intervenção propõem uma actualização dos espaços e usos comuns bem como, a criação de áreas funcionais distintas e necessárias (cozinha, lavandaria e rouparia). O volume situado a Norte, recebe ainda uma biblioteca comum que oferece também um espaço destinado a práticas musicais. Foram também criados um escritório e ateliê destinados respectivamente a um gestor de empresas e uma criadora de moda. O volume a Sul, criado de raiz, recebe a função de garagem bem como uma nova sala.

A união entre os dois volumes é feita através de um passadiço térreo que revela um segredo, vamos descobrir qual é!

A ligação entre os volumes

O grande passadiço que vimos na imagem anterior, é também uma circulação enterrada que efectua a ligação interior entre ambos os volumes.

A iluminação é feita a partir de um rasgo superior que busca a luz natural no pátio. Este gesto conforma a criação de um lugar único e discreto, reduzindo os seus requerimentos funcionais ao máximo: um lugar de passagem que serve apenas para tal, sendo o percurso o factor aqui mais relevante. Nas extremidades encontramos ainda alguns espaços de arrumação.

Interiores minimalistas

Nos interiores a abordagem mantém-se minimalista e contemporânea. O mármore polido que cobre o pavimento realça as características nobres do lugar, inundando o espaço de brilho luz. As caixilharias fortes e marcadas assinalam um movimento assumidamente horizontal, que aqui se pretende destacar. 

Ao fundo é possível observarmos uma pequena escada que faz a ligação com uma cota inferior. É aqui que se inicia o percurso de transição entre os volumes. A escada encaminha o visitante até ao longo corredor de passagem subterrânea que já pudemos observar, na imagem acima.

As escadas de acesso

Noutros espaços interiores a abordagem torna-se evidentemente distinta na sua materialidade. Aqui pretendem realçar-se factores como o conforto. A madeira foi por isso o material de eleição devido às suas características mecânicas e resistentes, sem esquecer também a sua capacidade de tornar este local extremamente acolhedor.

Este lugar de passagem destaca-se do grande corredor subterrâneo por possuir, além da sua função principal de passagem, outras características que o diferenciam. Uma grande prateleira foi embutida na parede com o objectivo de atribuir uma dupla função a este lugar. Aqui as escadas podem ser para subir ou descer, mas podem também ser um assento para desfrutar de alguns livros ou revistas. O facto de este ser um espaço recatado e bem iluminado, torna-o perfeito para pequenos momentos a sós e em silêncio.

Casa de banho

Na casa-de-banho a materialidade é diversa. O mármore assume aqui um papel principal no revestimento de pavimento e paredes. A madeira, utilizada principalmente no mobiliário contrasta com a frescura branca e cinza da pedra.

As cerâmicas de formas orgânicas, procuram inserir neste espaço, uma nova dinâmica curva e delicada.

Entre o novo e o antigo…

Entre o novo e o antigo a relação é contrastante, ainda assim, o conjunto cria uma harmoniosa composição geral, relembrando que, tempos e épocas distintas convivem, desde sempre. Esta é a maior lição que podemos retirar desta intervenção.

A luz quente no interior contrasta com as formas geométricas e com o escuro da noite, revelando que este é sem dúvida um lugar distinto, onde formas e materiais coexistem criando uma harmonia total.

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